segunda-feira, 27 de junho de 2016

É proibido baixar os braços

Há dias em que nos sentimos "em baixo". Talvez fruto de uma revolta que "moi" por dentro. Talvez resultado de vermos o nosso mundo" a decompor-se pouco a pouco.
Mas, antes de mais, cabe-os fazer uma reflexão mais profunda. Tentar perceber a origem das coisas. O porquê de tudo o que nos está a acontecer. Será que estamos sozinhos? Será que temos o "mundo" contra nós? Será que estamos errados? Não. Tem de haver uma razão. Temos de "sair à rua" e tentar perceber o que se passa à nossa volta. Perceber como "dar a volta". Estamos proibidos de desistir. Os nosso filhos nunca no iriam perdoar, se um dia soubessem que baixamos os braços. Que não resistimos. Que viramos a cara, como se não fosse nada connosco. Talvez não seja preciso muito alarido. Talvez com pequenos passos, possamos reaver algo daquilo que nos tiraram. Aquilo que nos dá o alento que nos está a faltar neste momento.
Aqueles que pensavam que, por um qualquer motivo, eu iria ficar calado e quieto, estão enganados. Não devo nada que não possa pagar. Não tenho de recear nada que me possam fazer, que já não tenha suportado. Não devo servidão a ninguém. Só à minha consciência. E essa eu não posso trair. Com mais ou menos força, continuarei a defender aquilo que acredito, nem que seja sozinho, "em contra-mão". Mas quantos mais formos melhor. Todos quantos estejam inconformados, que acreditem que temos direito, pelo menos à indignação, que se juntem a esta luta. Acredito que podemos exigir que nos compensem por aquilo que nos tiraram. E isso pode ser muito importante para o nosso futuro.
Na próxima quarta-feira haverá Assembleia de Freguesia em Recardães. Aí devemos iniciar a luta pelos nosso direitos. Poderá ser infrutífero, inconclusivo, mas será apenas o inicio. Eu estarei lá. Quem quiser que se junte e apresente as suas ideias, pois as Assembleias são publicas e também para o publico.
E, até lá, sejam felizes.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Levaram-nos os anéis e agora levam os dedos

Nos últimos tempos, em nome de uma suposta austeridade da qual não temos nenhuma responsabilidade, retiraram-nos o pouco que nos tinha sobrado dos tempos áureos em que foram historicamente importantes.
Segundo alguns historiadores, estas terras terão sido povoadas há mais de 4.000 anos. Há 500 anos foi-nos concedido o Foral (junto com Is da Ribeira e Fermentemos, sendo Óis a sede desse concelho). Mas isso foi há demasiado tempo. Nos tempos modernos fomos perdendo importância. Fomos perdendo influência. Por várias razões, não conseguimos acompanhar a evolução de outras Freguesias vizinhas.
Em 2013 fomos "agregados" por outros maiores, mais influentes e mais persistentes. E demos de barato esse facto. Aprovamos, validamos e alguns até saudaram esse momento "histórico". 
Disseram-nos que não íamos perder a identidade, os usos e costumes. Mas isso já nós tínhamos perdido há muito tempo. 
A identidade de um povo faz-se, e reforça-se, com momentos de convívio e partilha. Com motivos de orgulho comum a todos, como o território, a história e as tradições. E tudo isso se esvaziou.
Hoje "crava-se mais um prego no nosso caixão". Perdemos a escola primária. Para o próximo ano, os nossos alunos terão de se deslocar para outras paragens para poderem fazer o seu percurso escolar desde o 1º ano.
A escola primária e a catequese, eram as ultimas referencias desta comunidade. Eram pontos de criação da tal identidade que tanto se fala.
Resta a Igreja (para os crentes) para unir o que sobrou desta comunidade. Espero que não venha também, um dia destes, uma qualquer determinação eclesiástica que acabe também com esta referencia.
Sejam felizes.


terça-feira, 21 de junho de 2016

O 2º domingo de Julho era o Dia da Pateira e da Freguesia

Há muitos anos, as populações ribeirinhas tinham como tradição comemorar a Festa da Pateira, do Ribeiro ou da Lagoa. Era assim com Espinhel, Óis da Ribeira, Requeixo, Carregal, Rêgo e Perrães, pelo menos são os que me lembro.
As pessoas reuniam-se nos "pousios", com as suas merendas e dançavam (os que podiam) ao som dos grupos da época. Foi assim, durante décadas. Hoje, já poucos mantêm essa tradição (penso que só Requeixo).
Em Espinhel, a data festiva era o 2º Domingo de Julho. Mas como tudo na vida, essa tradição também se perdeu no tempo. No entanto, em boa hora, foi adaptada a "festividade" para se comemorar o Dia da Freguesia.
Esta data passou então a ser um momento de reunião de toda a Freguesia, muito dispersa, e que necessitava de momentos de confraternização que fizessem crescer o sentido de união. Assim foi durante muitos anos, sem nunca fugir à tradição de comemorar o 2º domingo de Julho.
Até que um dia, alguém se lembrou de desfazer toda esta história. Acabar com esta tradição e adapta-la às conveniências de agenda de outros intervenientes. Dirão que é uma nova realidade? Que é preciso fazer a ruptura com o passado? Que Isto já não é o que era? Infelizmente não tenho resposta para estas perguntas. Muitos dos que eu gostaria de ver defender a identidade desta Freguesia de Espinhel, rendem-se à fartura de máquinas, passeios e valetas. Elogiam esta nova dinâmica, fazem comparações com um passado recente, deixando para trás estas questões de identidade.
Volto à carga do tema do "contra-mão". Às vezes tenho a sensação de que sou eu que vejo as coisas ao contrário. Que faço parte de uma pequena e insignificante minoria, que ainda dá valor a estas coisas. Pois fará alguma diferença antecipar a comemoração do Dia da Freguesia em duas semanas? Será que alguém se importa com estes "pormenores"? Talvez uma pequena minoria. Para os outros está tudo bem. Desde que haja festa, comer e beber, a data é o que menos importa.
Portanto, que se faça festa. Festa rija. Que se console o povo. Que se comemore o fim de uma era e o inicio de outra. Façam-no com novos programas, novos protagonistas e que sejam felizes.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Um país de doutores

Esta semana tive a oportunidade de participar num seminário sobre a "Eficiência energética na reabilitação de edifícios". 
Este é um tema que me "apaixona" e ao qual pretendo continuar a dedicar muito do meu tempo, pois é por aqui que quero seguir o meu projecto profissional.
Mas o que me faz trazer aqui hoje esta experiência, não é o tema em si ou questões técnicas com ele relacionadas. O que me faz reflectir sobre este assunto é o facto de, entre os 14 oradores neste seminário, 10 fazem parte do sector público (organismos estatais e municipais, universidades, etc.) e apenas 4 pertencem ao sector privado.
Ora, sem desprimor desta classe, parece-me que a reabilitação de edifícios, e a economia em geral, dependerão muito mais da iniciativa privada do que propriamente do sector publico. A maior parte destes oradores, fala de estudos, projectos e fundos comunitários para a reabilitação de edifícios. Aliás, um deles, chegou mesmo a referir que: não sei o que será de Portugal quando acabarem os fundos comunitários.
É esta postura que me incomoda. Temos uma classe "dominante" neste país, que vive à custa do "orçamento" e depende apenas e só disso mesmo. Apresenta estudos e mais estudos, programas e sub-programas, tudo à volta do financiamento estatal e comunitário.
É preciso dar a volta a isto. E mais uma vez, tudo começa na escola. Temos de preparar os nossos alunos para o mundo do trabalho.Incutir-lhe a ideia que só com trabalho é que podemos andar com a vida para a frente - a nossa e a do nosso país. 
O único sitio onde o sucesso aparece antes do trabalho é no dicionário.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Cada coisa a seu tempo

Um belo dia, tive a oportunidade de passar umas horas com um amigo, a beber um excelente vinho branco (João Pires)  e a conversar, sem tempo, sobre as conjunturas da vida.
Homem muito experiente, bem sucedido na vida, este amigo, teve no entanto muitas dificuldades ao longo do seu percurso. E também falamos sobre isso.
Mas o que ficou dessa conversa, para alem da marca do vinho, foi uma citação crucial do meu amigo: Tudo na vida tem o seu tempo. E, no tempo certo, podemos fazer as coisas que quisermos.
E é isso mesmo que hoje penso. Há um tempo certo para fazer cada coisa. A "ciência" está em escolher o tempo certo para a fazermos.
Eu tenho aproveitado datas marcantes para fazer algumas das principais opções de vida. Foi assim no casamento, no nascimento dos filhos e, agora que estou a passar mais uma data importante (os 50 anos), irei também tomar decisões importantes.
Brevemente irá fechar-se um ciclo. Um ciclo que já dura há vários anos e no qual me tenho empenhado muito.
Há dias li algures uma frase que poderá traduzir um sentimento que se está a apoderar de mim:Onde não puderes ser feliz, não te demores.
E quando chegamos a uma certa altura da vida, sentimos o tempo é limitado e que, por isso mesmo, temos de o aproveitar ao máximo.
É a vida!