terça-feira, 21 de junho de 2016

O 2º domingo de Julho era o Dia da Pateira e da Freguesia

Há muitos anos, as populações ribeirinhas tinham como tradição comemorar a Festa da Pateira, do Ribeiro ou da Lagoa. Era assim com Espinhel, Óis da Ribeira, Requeixo, Carregal, Rêgo e Perrães, pelo menos são os que me lembro.
As pessoas reuniam-se nos "pousios", com as suas merendas e dançavam (os que podiam) ao som dos grupos da época. Foi assim, durante décadas. Hoje, já poucos mantêm essa tradição (penso que só Requeixo).
Em Espinhel, a data festiva era o 2º Domingo de Julho. Mas como tudo na vida, essa tradição também se perdeu no tempo. No entanto, em boa hora, foi adaptada a "festividade" para se comemorar o Dia da Freguesia.
Esta data passou então a ser um momento de reunião de toda a Freguesia, muito dispersa, e que necessitava de momentos de confraternização que fizessem crescer o sentido de união. Assim foi durante muitos anos, sem nunca fugir à tradição de comemorar o 2º domingo de Julho.
Até que um dia, alguém se lembrou de desfazer toda esta história. Acabar com esta tradição e adapta-la às conveniências de agenda de outros intervenientes. Dirão que é uma nova realidade? Que é preciso fazer a ruptura com o passado? Que Isto já não é o que era? Infelizmente não tenho resposta para estas perguntas. Muitos dos que eu gostaria de ver defender a identidade desta Freguesia de Espinhel, rendem-se à fartura de máquinas, passeios e valetas. Elogiam esta nova dinâmica, fazem comparações com um passado recente, deixando para trás estas questões de identidade.
Volto à carga do tema do "contra-mão". Às vezes tenho a sensação de que sou eu que vejo as coisas ao contrário. Que faço parte de uma pequena e insignificante minoria, que ainda dá valor a estas coisas. Pois fará alguma diferença antecipar a comemoração do Dia da Freguesia em duas semanas? Será que alguém se importa com estes "pormenores"? Talvez uma pequena minoria. Para os outros está tudo bem. Desde que haja festa, comer e beber, a data é o que menos importa.
Portanto, que se faça festa. Festa rija. Que se console o povo. Que se comemore o fim de uma era e o inicio de outra. Façam-no com novos programas, novos protagonistas e que sejam felizes.

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