quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Uma vida de sonhos - Parte 1

Desde muito cedo que fui uma pessoa determinada. Peguei nos meus sonhos e trabalhei para os concretizar. Uns consegui, outros ainda não. 
Um dia vi um electricista a trabalhar e decidi ali que queria ser electricista. Teria por volta dos 10 anos de idade. A vida continuou, estudei electrotecnia e tornei-me electricista por volta dos 18 anos.
Mas achava que só me poderia realizar pessoalmente se trabalhasse por conta própria. Aos 20 anos comecei a fazer alguns pequenos trabalhos por conta própria. Tinha dois "empregos". um na fabrica, como electricista de manutenção, e outro ao fim do dia e fins de semana em casa de pessoas conhecidas a fazer instalações eléctricas. 
Aos 21 contratei o meu primeiro colaborador, comprei o primeiro carro, uma carrinha Renault 4L nova, e fiz talvez o melhor negócio da minha vida (até hoje). Quando fui chamado a "negociar um aumento de ordenado, convenci o meu patrão a pagar-me o ordenado que eu tinha no ano anterior (a tempo inteiro), para eu trabalhar a meio tempo a partir desse ano. Não foi fácil esta tarefa, mas consegui. Foi assim durante dois anos. Tinha um gravador de chamadas de cassete em casa (coisa muito moderna para a época) e, à hora de almoço e ao final do dia, ouvia as mensagens que os clientes deixavam no gravador e respondia à solicitações. Fazia o trabalho de manutenção na fábrica e fazia instalações eléctricas em casas, fábricas e outros edifícios.
Passados esse dois anos, achei que tinha chegado a altura de arriscar tudo no negócio por conta própria e convenci o meu patrão a contratar-me à hora para fazer o trabalho na fábrica.
Foram anos de forte expansão, onde contratei vários funcionários, chegando a ter uma equipe de 14 pessoas e tendo uma carteira de obras em curso que chegou a mais de duas dezenas.
Em 1990, fruto do crescimento da actividade e aproveitando um bom momento do mercado imobiliário, decido arriscar numa loja de venda de sanitários e aquecimento central. Escolhi uma marca de referencia no mercado (a ROCA) e consegui uma "representação" para o concelho de Águeda. Era mais um sonho que se estava a realizar.
Mas as grandes marcas exigem muita experiência e firmeza e eu não estava preparado para esse desafio. Não estudei bem o mercado, não me rodeei das pessoas certas, fui apenas pela emoção, o que se revelou não ser suficiente. Acabei por (desesperadamente) propor à marca a entrega da loja, mas eles não aceitaram e tive que arcar com as consequências, o que me custou meia dúzia de anos de trabalhos e muitas horas de sono perdidas.
Mas, como diz o povo, "quando se fecha uma porta abre-se logo uma janela". Assim foi. Logo a seguir, fui desafiado por um parceiro de negócio, a juntar-me a ele em Aveiro e fazermos uma "grande empresa", aproveitando as mais-valias de cada um. Num primeiro momento fui cauteloso e cheguei a recusar. Não era fácil abandonar um mercado onde estava implantado à 15 anos e rumar a Aveiro, que para um "provinciano" como eu, era demasiado longe. Pedi um período de experiência e passado meio ano lá fui de "armas e bagagens" para Aveiro. 
Continua...

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