sábado, 23 de dezembro de 2017

Coisas raras, raríssimas... ou talvez não


A comunicação social tem uma enorme importância na sociedade actual. Ela constrói "personalidades" de acordo com interesses de várias ordem, mas destrói outras, ainda a um ritmo mais acelerado.
Um dia participei numa palestra sobre jornalismo e ouvi uma fase, dita por um famoso jornalista de uma estação de televisão, que nunca mais me saiu da cabeça: "Nunca acreditem em tudo aquilo que a televisão vos mostra".
Hoje a comunicação social, mas principalmente a televisão, vive do momento. Vive do sensacionalismo e não aprofunda os assuntos, porque isso não tem interesse. Ninguem tem tempo para ler mais que os títulos. Por isso, quanto mais chocante for o titulo, melhor.
Aquilo a que temos assistido nos últimos dias é um exemplo flagrante disso mesmo. Quanto mais "sangue" melhor. Depois vem as "réplicas" nas redes sociais, que como diz Umberto Eco, "dão o direito à palavra a uma "legião de imbecis" que antes falavam apenas "num bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade".
E nós, que assistimos a tudo isto, achamos que é tudo normal. Que "eles" são todos iguais e que não vale a pena contrariar isso. Mandamos umas "bocas" e daqui a algum tempo já não queremos saber de nada disto, porque outros assuntos "quentes" virão e temos de nos concentrar neles. 
Mas temos que nos preocupar realmente com a tal "normalidade" instalada. E alguma dela "junto à nossa porta" e até "dentro de portas". Sim, porque muito aquilo que, todos os dias, nos "metem pelos olhos dentro, tambem nós temos à nossa porta, embora numa outra escala naturalmente.
Temos de esforçar para mudar o rumo das coisas. Nem que para isso seja preciso mudar os protagonistas (quase sempre é).
A sociedade tem de ganhar confiança em si mesma e nos seus "protagonistas". Há concerteza, na sociedade civil, muitas pessoas capazes de ocupar certos cargos. Não é preciso estar sempre a recorrer aos mesmos, como se vê por aí. É preciso renovar. A concentração de poder não ajuda nada na transparência a no ganho da confiança.
Li, há dias, uma entrevista no Público ao Dr. Rui Marques, ex. Alto Comissário para a Imigração e Dialogo Intercultural e coordenador do Programa Escolas, sobre a "Economia Colaborativa". Achei muito interessante e deixo aqui o link para poderem consultar: https://www.publico.pt/2017/12/19/politica/entrevista/so-vao-sobreviver-aqueles-que-souberem-colaborar-1796292
Nesta entrevista, para alem de muitas outras coisas interessantes, o Dr. Rui Marques fala sobre a necessidade da sociedade ganhar confiança. Confiança nela própria e nas suas instituições.  Ora aqui é que a comunicação social está a fazer exactamente o contrário. Está a destruir a confiança, sem contribuir para resolver os problemas. E a confiança é algo que custo muito a ganhar, mas para destruir basta uma boa campanha em poucas horas.
Não quer isto dizer que se tenha de esconder o que vai mal, nada disso. Temos é de contribuir para alterar o modelo em que nossa sociedade está construída.  E isso é educação. É cidadania. E tambem pode/deve ser colaboração.

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