Em tempos escrevi sobre as consequências que podem advir de os partidos se fecharem em si próprios e não ouvirem a sociedade civil.
Se por um lado se compreende que a militância deve ter algumas vantagens em relação à mera simpatia politica, não é possível (nem saudável) que os partidos apenas ouçam os seus militantes e fechem a porta a figuras da sociedade civil que simpatizam com a sua linha politica.
Em Águeda, o PS capitalizou muitos "adeptos" ao longo dos últimos anos. Fruto das circunstancias, conseguiu resultados nas autárquicas que não reflectem de forma alguma a tendência normal do eleitorado. É certo que muitos o fizeram por interesse próprio, mas a maior parte fê-lo por convicção.
Criou-se uma base de apoio que não será fácil manter no futuro (acho mesmo impossível). E, não se pode agora criticar toda a gente que participou nesse movimento, apenas porque não se filiou ou porque agora não se perfile para continuar a apoiar o partido da mesma forma. As circunstâncias são outras e o momento não é o mesmo.
A militância tem regras que não são as de uma mera simpatia politica e os partidos tem de ter consciência disso. Por isso, tem de ter uma politica de abertura à sociedade. Sair à rua e falar com as pessoas. Não convidar sempre os mesmos para os mesmos cargos. Renovar-se de pessoas e de ideias.
Sempre fui a favor da "renovação de mandatos". Não apenas dos mandatos dos eleitos, mas também das estruturas partidárias e das listas de candidatos. Por isso mesmo, fui dos primeiros a tentar trazer para a politica outras "caras", que habitualmente não faziam parte desta "elite". Conjugando essa renovação com a experiência dos que já cá estavam, sempre tentei rodear-me de gente de várias sensibilidades.
Eu próprio, só depois dos 40 anos é que aceitei integrar uma candidatura. Nunca antes tinha feito uma campanha eleitoral. Comigo trouxe muitos simpatizantes, uns mais activos que outros, mas a grande parte deles, veio para a politica local de uma forma empenhada e desinteressada.
Sinto que fiz o que podia para aumentar a base de apoio do PS. Sempre fui fiel, mesmo discordando de muita coisa. Algumas vezes não fiquei calado, reclamei e excedi-me. Mas fi-lo por convicção. Porque achava que era o melhor para a Freguesia e para o povo.
Nunca pedi nada em troca para mim, nem para os meus. Estive (e estou) na politica local de uma forma desinteressada, embora alguns digam que não (mas dizem-no porque não conhecem a realidade e se calhar nem querem conhecer).
Agora é tempo de serenar e escutar outras ideias. De apoiar quem tem a energia necessária para novos "combates", não esquecendo nunca quem nos apoiou até aqui.
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