terça-feira, 6 de novembro de 2012

O Fim do Jardinismo visto por Daniel Oliveira

Hoje trago aqui um artigo de Daniel Oliveira no Expresso sobre os ultimos acontecimentos na politica Madeirense.
 
Alberto João Jardim ficou na liderança do PSD por 142 votos. O homem que está à frente da Madeira e do PSD local há mais de 40 anos, que domina todos os cantos da ilha e do partido, a quem tantos devem favores e empregos, foi eleito por uma unha negra. Para Jardim se ficar pelos 51% (e com uma derrota no Funchal), numa eleição interna num partido que se confunde com ele próprio, é preciso que já seja bastante impopular.

Jardim não poderá designar o seu sucessor, como sempre pensou que faria. E é normal que não o consiga. Alguém que se rodeia de medíocres e "yes mans" acaba um dia por se julgar insubstituível. E essa é a principal característica de homens que se perpetuam no poder: acreditam que nada sobreviverá à sua partida.

Mas este resultado também nos diz alguma coisa sobre a vida política da Madeira. Como em qualquer regime de partido único, em que o Estado e o partido se confundem, foi dentro do PSD/Madeira, e não na oposição, que surgiu a primeira alternativa credível a Jardim. O PS e os restantes partidos da oposição nunca conseguiram pôr, como Miguel Albuquerque, o poder jardinista em causa. Porque isso não é possível fora do partido-Estado.

Seja como for, depois deste resultado, é improvável que Alberto João Jardim volte a conseguir uma maioria absoluta. Homens como ele vivem da imagem da sua própria força. E um político que tem o seu poder até agora incontestado seguro por 142 votos pode ser contestado por todos.

No último fim de semana, talvez fruto da crise económica a que nenhum governante escapa, o poder absoluto do jardinismo na Madeira acabou. Resta saber se depois dele virá a normalização democrática ou mudam as caras para a Madeira continuar a ser uma aberração política na democracia portuguesa. E se a oposição madeirense aproveita para se apresentar como alternativa credível.

Daniel Oliveira In Expresso

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