O Fim do Jardinismo visto por Daniel Oliveira
Hoje trago aqui um artigo de Daniel Oliveira no Expresso sobre os ultimos acontecimentos na politica Madeirense.
Alberto João Jardim ficou na liderança do PSD por 142
votos. O homem que está à frente da Madeira e do PSD local há mais de 40
anos, que domina todos os cantos da ilha e do partido, a quem tantos devem
favores e empregos, foi eleito por uma unha negra. Para Jardim se ficar pelos
51% (e com uma derrota no Funchal), numa eleição interna num partido que se
confunde com ele próprio, é preciso que já seja bastante impopular.
Jardim não poderá designar o seu sucessor, como sempre
pensou que faria. E é normal que não o consiga. Alguém que se rodeia de
medíocres e "yes mans" acaba um dia por se julgar insubstituível. E essa é a
principal característica de homens que se perpetuam no poder: acreditam que nada
sobreviverá à sua partida.
Mas este resultado também nos diz alguma coisa sobre a vida
política da Madeira. Como em qualquer regime de partido único, em que o Estado e
o partido se confundem, foi dentro do PSD/Madeira, e não na oposição, que surgiu
a primeira alternativa credível a Jardim. O PS e os restantes partidos da
oposição nunca conseguiram pôr, como Miguel Albuquerque, o poder jardinista em
causa. Porque isso não é possível fora do partido-Estado.
Seja como for, depois deste resultado, é improvável que
Alberto João Jardim volte a conseguir uma maioria absoluta. Homens como ele
vivem da imagem da sua própria força. E um político que tem o seu poder até
agora incontestado seguro por 142 votos pode ser contestado por todos.
No último fim de semana, talvez fruto da crise económica a que
nenhum governante escapa, o poder absoluto do jardinismo na Madeira
acabou. Resta saber se depois dele virá a normalização democrática ou mudam
as caras para a Madeira continuar a ser uma aberração política na democracia
portuguesa. E se a oposição madeirense aproveita para se apresentar como
alternativa credível.
Daniel Oliveira In Expresso
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