quinta-feira, 20 de abril de 2017

Somos todos Nadais

Gil Nadais trouxe uma nova forma de gestão autárquica ao concelho de Águeda. A partir de Gil Nadais nada será como antes. Traçou o seu rumo, colocou as finanças em dia e parece ter conseguido concluir os seus principais projectos.
Desde muito novo que Gil Nadais é um líder nato. Há que diga que é autoritário, mas goste-se ou não da forma, o que é certo é que funcionou. 
Escolheu a sua equipa, colocou-a ao serviço dos objectivos traçados por si, e funcionou.
Escolheu uma solução de continuidade para a sua secessão, mas desta vez não funcionou.
Nadais tinha o eleitorado consigo, mas não tinha o partido. E o partido achou que era altura de se fazer ouvir, porque acho que sempre teve dificuldade em se fazer ouvir enquanto Nadais era o líder do Município.
Mas agora todos são Nadais. Todos se acham os verdadeiros seguidores da sua politica. Degladeiam-se na praça publica para ver que é mais que o outro.  Vejam bem que nem a oposição não se atreve a afrontar a sua politica.
Estive na maioria das vezes ao lado de Nadais. Divergi das suas opções algumas vezes, talvez devesse divergir mais. Não fui uma "ovelha de rebanho" e tambem não é agora que vou ser. Fez muitas coisas boas, mas tambem cometeu muitos erros. Não teve em conta a maior parte das propostas que lhe fiz para a minha Freguesia (acho que nunca me levou muito a sério na politica). Por isso, quase a chegar ao final do mandato, vejo goradas muitas das minhas expectativas. Mas é assim a politica e a vida. 
Gil Nadais fica na história do concelho de Águeda e o resto é conversa.


quarta-feira, 12 de abril de 2017

A Pateira e o eucalipto

As margens da Pateira são normalmente zonas férteis com grande capacidade de florestação.
Em tempos, as zonas mais planas eram aproveitadas para hortas, plantação de batata e cultura de vários tipos de cereais.  Algumas encostas eram aproveitadas para vinhas e outras para pinhal. Com a industrialização, estas zonas, normalmente pequenas áreas, foram abandonadas. 
Com a invasão do eucalipto, árvore de crescimento muito mais rápido do que as tradicionais/autóctones, os proprietários foram substituindo as suas plantações por esta espécie.  
Conforme os governos vão mudando, as leis mudam também e nos últimos anos, temos assistido a avanços e recuos na legislação sobre a plantação desta espécie.
Normalmente, os governos de direita apoiam a proliferação do eucalipto e aprovam (ou fazem aprovar) leis que protegem/incentivam esta "industria". Depois vem os governos mais à esquerda e voltam a penalizar a plantação desta espécie.
Mas, independentemente disso, a Pateira tem especificidades que deveriam ser respeitadas. Defendo que se devia criar um "perímetro" de interdição desta espécie e incentivar a plantação de espécies autóctones e/ou espécies adequadas a uma área protegida, que deixassem proliferar no solo outras espécies e outros seres vivos. Sim, porque o eucalipto acaba com a "vida" no solo. Para alem de "sugar" uma enorme quantidade de água, deixa um rasto desértico à sua volta.
Tambem outras espécies invasoras como as "acácias", que embora muito bonitas no final do inverno/inicio de primavera, são uma ameaça para a biodiversidade.
Para alem disso, temos o sentido estético das margens da Pateira. Como defendia há dias um colega autarca, é só comparar as imagens, que rapidamente temos acesso na internet , quando pesquisamos as zonas dos grandes lagos (por exemplo no Canadá) e a imagem que temos nas margens da Pateira.
Não sou especialista nesta área, mas tenho imenso interesse em estudar estes temas. Tenho acompanhado vários estudos/pareceres, de pessoas e entidades ligadas ao meio ambiente, que defendem que se deve controlar a plantação das espécies de forma a garantir a biodiversidade.
Parece que este Governo vai introduzir, mais uma vez, alterações à lei. Mas é preciso que se faça cumprir. Há casos em que os eucaliptos estão a escassos metros das margens. E não tenho visto nenhuma entidade capaz de actuar para impedir que isto aconteça. 
Parece que, nesta nova proposta de lei, as Câmaras terão de passar uma autorização para que se possa plantar eucaliptos. E para a obter terão de ser cumpridos uma serie de requisitos, como a "compensação" por plantação de outras espécies e/ou o abate de uma área superior de eucalipto.
A ver vamos, mas uma coisa é certa, acho que todos gostaríamos de ver esta zona mais bonita, mas aprazível para quem aqui vive e para quem nos visita.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Candidatos a candidatos

A época pré-eleitoral é propicia ao lançamento de vários nomes na praça publica como potenciais candidatos aos órgãos autárquicos.
Com a proliferação dos canais de comunicação, como as redes sociais, a informação/desinformação chega muito mais rápido e de muitas fontes. Às vezes são lançados nomes, que passadas poucas horas acabam desmentidos pelos próprios. 
Como é normal, para quem anda nestas coisas, também acabei por ser arrastado para a lista dos candidatos a candidatos. Naturalmente que isso não me incomoda, embora já tenha explicado em vários palcos que não é minha intenção concorrer a qualquer cargo. Mas percebo bem os meandros da politica e percebo a intenção.
Mas é com alguma insatisfação que observo o que se vai passando à nossa volta. Temo que tenhamos mais do mesmo. Que não haja a renovação que tenho defendido e que as escolhas voltem a recair sobre mais ou menos os do costume.
Acabo de ler algumas declarações de pessoas ligadas ao sistema politico, que de tanto defenderem o processo democrático, acabam por não perceber que os partidos/listas limitam as escolhas dos eleitores a um grupo restrito de pessoas.
Mas a democracia é isto mesmo. E enquanto não encontramos outro, este é o melhor sistema que há (pena que a abstenção não conte para os resultados).

sábado, 8 de abril de 2017

Pateira Nascente - A verdade incómoda: Parte 3

Durante este  anos de desenvolvimento do projecto Pateira Nascente, foram apresentados vários projectos para potenciar a zona da Pateira.
Já aqui falei nalguns, mas os mais emblemáticos foram: o Parque de Campismo, Parque Aventura, o Barco Solar, o Centro de Interpretação e a ligação da cidade à Pateira por uma via pedonal e ciclável.
A todas estas propostas, a autarquia não deu qualquer andamento. Embora tenha reconhecido o mérito de quase todas as propostas, não conseguiu concretizar nenhuma delas. Mas ainda está a tempo.
Sinalizaram um trilho, que supostamente liga a cidade à Pateira, mas não vi qualquer empenho em dinamiza-lo (pode ser falha minha).
Chumbaram uma proposta no OP, para uma embarcação solar na Pateira, porque: 1º ultrapassava o orçamento, 2º não tinha os pareceres necessários, 4º porque não era sustentável e por ultimo porque não conseguia navegar na Pateira. Estes argumentos iam surgindo conforme os anteriores se iam esbatendo um a um. O projecto era inferior ao estabelecido, os pareceres eram favoráveis, o modelo de exploração estava definido e negociado e a Pateira tem muita água..
Depois foi o Centro de Interpretação da Natureza. Ideia que até nem foi nossa, mas dos técnicos. Apresentado o estudo/projecto, "nem sim, nem sopas". Nem está bem, nem está mal. Apenas nos ignoraram e deixaram de passar confiança. Muito bem. Para bom entendedor meia palavra basta. Era claro que estávamos a ser inconvenientes. Éramos uma pedra no caminho.
Foi aí que saímos de cena, para deixar passar que pudesse querer chegar-se à frente. Ficamos depois a aguardar por desenvolvimentos.
Então, eis que surgiu a ideia de reformular o projecto do Centro de Interpretação e trazê-lo para a escola primária, entretanto fechada. Claro que não era a mesma coisa. Uma coisa era ter uma infraestrutura no Parque, dentro do campo de acção, outra coisa era tê-la localizada a cerca de 2km, fora dessa mesma zona. Mas mesmo assim, antes isso que nada.
Parece que esse projecto lá foi encomendado, mas é mais complexo do que parecia e está a demorar. Mas, segundo informações recentes, será para avançar.
Podem achar que é "mania da perseguição" ou coisa parecida, mas que isto cheira a procura de protagonismo, lá isso cheira. Dar uma roupagem nova a um projecto, que estava estudado, guardado na gaveta, para depois apresentar como bandeira nossa (talvez eleitoral), deixando de fora quem fez o trabalho, não é propriamente o mais ético. Mas adiante.
Estive neste projecto com a melhor da intenções (embora haja que veja maldade e outros interesses em tudo). Comigo vieram outras pessoas, que acolheram bem e ideia, e se empenharam da forma que puderam. Tenho de agradecer a todos por isso. Continuo disponível para passar toda a informação a que quiser colaborar. mas não me peçam para continuar com o mesmo empenho da fase inicial. Foram muitos dias, muitas noites e muitos kms ao serviço deste projecto.
Mas a vida continua... 



segunda-feira, 3 de abril de 2017

Ter razão antes do tempo

Em tempos escrevi sobre as consequências que podem advir de os partidos se fecharem em si próprios e não ouvirem a sociedade civil.
Se por um lado se compreende que a militância deve ter algumas vantagens em relação à mera simpatia politica, não é possível (nem saudável) que os partidos apenas ouçam os seus militantes e fechem a porta a figuras da sociedade civil que simpatizam com a sua linha politica.
Em Águeda, o PS capitalizou muitos "adeptos" ao longo dos últimos anos. Fruto das circunstancias, conseguiu resultados nas autárquicas que não reflectem de forma alguma a tendência normal do eleitorado. É certo que muitos o fizeram por interesse próprio, mas a maior parte fê-lo por convicção. 
Criou-se uma base de apoio que não será fácil manter no futuro (acho mesmo impossível). E, não se pode agora criticar toda a gente que participou nesse movimento, apenas porque não se filiou ou porque agora não se perfile para continuar a apoiar o partido da mesma forma. As circunstâncias são outras e o momento não é o mesmo.
A militância tem regras que não são as de uma mera simpatia politica e os partidos tem de ter consciência disso. Por isso, tem de ter uma politica de abertura à sociedade. Sair à rua e falar com as pessoas. Não convidar sempre os mesmos para os mesmos cargos. Renovar-se de pessoas e de ideias.
Sempre fui a favor da "renovação de mandatos". Não apenas dos mandatos dos eleitos, mas também das estruturas partidárias e das listas de candidatos. Por isso mesmo, fui dos primeiros a tentar trazer para a politica outras "caras", que habitualmente não faziam parte desta "elite". Conjugando essa renovação com a experiência dos que já cá estavam, sempre tentei rodear-me de gente de várias sensibilidades. 
Eu próprio, só depois dos 40 anos é que aceitei integrar uma candidatura. Nunca antes tinha feito uma campanha eleitoral. Comigo trouxe muitos simpatizantes, uns mais activos que outros, mas a grande parte deles, veio para a politica local de uma forma  empenhada e desinteressada.
Sinto que fiz o que podia para aumentar a base de apoio do PS. Sempre fui fiel, mesmo discordando de muita coisa. Algumas vezes não fiquei calado, reclamei e excedi-me. Mas fi-lo por convicção. Porque achava que era o melhor para a Freguesia e para o povo. 
Nunca pedi nada em troca para mim, nem para os meus. Estive (e estou) na politica local de uma forma desinteressada, embora alguns digam que não (mas dizem-no porque não conhecem a realidade e se calhar nem querem conhecer).
Agora é tempo de serenar e escutar outras ideias. De apoiar quem tem a energia necessária para novos "combates", não esquecendo nunca quem nos apoiou até aqui.