As obras no Parque da Pateira de Espinhel não param de surpreender pela negativa. Cada dia que passa vão ficando a nu alguns erros de projecto e muitos outros de execução.
Esta semana fui dar uma vista de olhos pelo parque e deparei-me com a aplicação de uma "paliçada" em toros de madeira para contenção das margens dos passadiços que nos levam às estadias (coretos). Como não percebi aquela configuração em zig-zag, tentei apurar a razão pela qual estava a ser aquilo aplicado daquela forma. Muito gentilmente, o encarregado da obra, facultou-me o projecto para eu dar uma olhadela e tentar perceber o que afinal estava previsto. Note-se que foi a primeira vez que tive oportunidade de apreciar o projecto com algum detalhe. Pois lá está a tal "paliçada", não em linhas rectas, mas ligeiramente em arco até aos "coretos". Nesses passadiços irão ser feitos trilhos, iguais aos que já estão a ser preparados ao longo do parque, na zona central e depois o restante á cheio com aterro até à "paliçada" de madeira. Ao longo dos passadiços vão ser construídas meia dúzia de plataformas, em "cima" da água, para servirem de apoio aos pescadores.
Mas, o que eu estava a ver na realidade não era bem o que estava no projecto. A paliçada estava com umas curvas esquisitas e a "bota não batia com a perdigota". Então o encarregado explicou que não estavam a conseguir enterrar as estacas alinhadas e que depois as iriam tentar alinhar depois de espetadas. Ora parece-me claro que isso vai ser praticamente impossível, porque "o que nasce torto tarde e mal se endireita".
Eu conheço bem o sitio, sei que ali era chamado o "porto de areia", porque ao contrario dos outros sítios, ali a base era uma areia grossa e provavelmente dura de perfurar. Alem disso, na construção dos passadiços foi levado para ali aterro de muita espécie e, segundo e encarregado, encontram muitos "pedregulhos" que fazem com que as escadas se desviem do alinhamento. Tudo isto em compreendo e concordo que o trabalho não seja propriamente fácil de executar, principalmente da forma como está a ser feito. Fazem uma paliçada com duas estacas ao alto,com cerca de 3mts, e depois aparafusam várias na horizontal, ficando cada peça com cerca de 2mts de largo. Estas paliçadas são depois colocadas no sitio por uma máquina de lagartas giratória que, com a pá, as espeta na água. Depois de pesquisar um pouco sobre os métodos utilizados para este serviço noutros trabalhos, chego à conclusão que isto devia ser feito com um acessório próprio para perfuração e depois colocar as estacas alinhadas. Fiz o alerta para que fosse feita uma fiscalização aos trabalhos para tentar alterar o rumo das coisas. Agora espero que a fiscalização da obra faça o seu papel. De qualquer forma, acho um desperdício esta forma de conter as terras e este uso excessivo de madeira tratada. Temos já exemplos anteriores, que a madeira, embora fique bonita, acaba por ser destruída pelas cheias em pouco tempo. Existem outras soluções, provavelmente mais baratas e mais duradouras. Mas os arquitectos tem destas coisas e muitas vezes não vem ao local falar com as pessoas que conhecem os sítios e tem a experiência de uma vida aqui.
Vamos acompanhando a obra, alertando para o que achamos mal e não apenas "mandando bocas" desgarradas e atirando responsabilidades para cima dos outros.
Já escrevi aqui sobre quem tem responsabilidades no acompanhamento na altura do projecto. Acredito que não acompanharam convenientemente as coisas nessa altura. Mais, nunca quiseram abrir o processo ao publico. Esconderam o processo o mais que puderam e agora vem "sacudir a água do capote". Mas agora é preciso acompanhar de perto para corrigir aquilo que pode ser corrigido. E isso é da responsabilidade dos autarcas (todos) e dos executivos em particular. A obra é da responsabilidade da sociedade POLIS da RIA de AVEIRO, mas os terrenos são da Junta de Freguesia e o Município faz parte desta sociedade. Mas, acima de tudo, o dinheiro é nosso, não é de nenhuma entidade de outro planeta. Somos nós que temos de o pagar de uma ou de outra forma. Por isso temos de estar a tentos e colaborar, sempre que nos deixarem.
Sei que sempre que se dá uma opinião se correm riscos. Uns acusam-me de inoperância, outros por excesso de intervenção e procura de protagonismo. Mas a vida é assim mesmo. O mais fácil é mandar uma bocas no café ou no facebook e chamar nomes aos políticos. Mas levantar o cu do sofá e confrontar os responsáveis, mesmo correndo risco de não ser entendido e até prejudicado, não é para todos.